Perfil sociodemográfico, clínico e microbiológico das infecções do trato urinário relacionadas à assistência em saúde na enfermaria de clínica médica de um Hospital Universitário em Pernambuco
pdf

Palavras-chave

Perfil de Saúde
Infecções Urinárias
Antimicrobianos
Enfermaria
Clínica Médica

Categorias

Resumo

A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela colonização e invasão do epitélio do trato urinário por microrganismos, determinando o desenvolvimento de sinais e sintomas clínicos de doença. A ITU está entre os quatro principais tipos de infecção relacionada à assistência em saúde (IRAS) por incidência. As espécies mais relevantes que causam infecção nosocomial são: E. coli, Enterococcus spp, P. aeruginosa, Klebsiella spp e leveduras, principalmente Candida spp. O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil sociodemográfico, clínico e microbiológico das infecções do trato urinário relacionadas à assistência em saúde (ITU-RAS) em pacientes internados na Clínica Médica de um Hospital Universitário de Petrolina-PE de janeiro de 2020 até outubro de 2021. Foi realizada análise retrospectiva dos dados de prontuários eletrônicos e formulários de notificações. Houve 44 pacientes com notificações de ITU-RAS. A média de idade foi de 63,3 anos, o sexo feminino apresentou 24 casos (54%). Houve 54% de associação a cateter vesical de demora, e a mortalidade intra-hospitalar foi de 22,72%. As espécies de maior ocorrência foram: Klebsiella pneumoniae: 19 (36,5%), Escherichia coli: 9 (17,3%), Acinetobacter baumannii: 8 (15,4%), Pseudomonas aeruginosa: 5 (9,6 %); as com maior resistência foram Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii. Os dados evidenciaram idade mais avançada e sexo feminino como perfis mais associados a ITU-RAS no serviço estudado, além de elevado grau de resistência a variados antimicrobianos utilizados na prática clínica por parte das espécies de maior ocorrência. Esses dados são úteis na decisão de terapia antimicrobiana eficaz, principalmente quando houver falha do tratamento inicial.

Palavras-chave: Perfil de Saúde; Infecções Urinárias; Antimicrobianos; Enfermaria;Clínica Médica.

https://doi.org/10.51909/recis.v3i3.235
pdf

Referências

Najar MS, Saldanha CL, Banday KA. Approach to urinary tract infections. Indian J Nephrol. 2009;19(4):129-39. PMID: 20535247. https://doi.org/10.4103/0971-4065.59333.

Stamm WE. Nosocomial urinary tract infections. In: Bennett JV, Brachman PS. Hospital infections 4 ed. Boston: Little Brown; 1996. cap. 28, p. 597-610.

Hooton TM, Bradley SF, Cardenas DD, et al. Infectious Diseases Society of America. Diagnosis, Prevention, and Treatment of Catheter Associated Urinary Tract Infection in Adults: 2009 International Clinical Practice Guidelines from the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2010;50(5):625-63. https://doi.org/ 10.1086/650482

Souza ES, Belei RA, Carrilho CMDM, et al. Mortality and risks related to healthcare-associated infection. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 Jan-Mar [citado 2018 Mar 12]; 24(1):220-8. https://doi.org/10.1590/0104-07072015002940013

Emori TG, Banerjee SN, Culver DH, et al. Nosocomial infections in elderly patients in the United States, 1986-1990. National Nosocomial Infections Surveillance System. Am J Med. 1991; 91(3B):289S-293S. https://doi.org/ 10.1016/0002-9343(91)90384-a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviço de Saúde. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: ANVISA, 25-35. 2013. Disponível em: https://segurancadopaciente.com.br/wp-content/uploads/2015/09/ebook-anvisa-04-medidas-de-prevencao-de-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf

Grabe M, Bjerklund-Johansen TE, Botto H, et al. Guidelines on Urological Infections. European Association of Urology 2012. Disponível em: http://www.uroweb.org/gls/pdf/17_Urological%20infections_LR%20II.pdf. Acesso em 15 de jan. 2022.

Sakai AM, Santos JMU, Ciquinato G, et al. Infecção do trato urinário associada ao cateter: fatores associados e mortalidade. Enferm. Foco. 2020; 11(2): 176-181. Disponível em:http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2927/788. Acesso em: 29 jan. 2022.

Iacovelli V, Gaziev G, Topazio L,et al.Nosocomial urinary tract infections: A review. Urologia.2014; 81(4):222-7. https://doi.org/10.5301/uro.5000092.

Garibaldi RA, Burke JP, Britt MR, et al. Meatal colonization and catheter-associated bacteriuria. N Engl J Med. 1980;303(6):316-8. https://doi.org/10.1056/NEJM198008073030605

Tambyah PA, Halvorson KT, Maki DG. A prospective study of pathogenesis of catheter-associated urinary tract infections. Mayo Clin Proc. 1999;74(2):131-6. https://doi.org/10.4065/74.2.131.

Leuck AM, Wright D, Ellingson L, et al. Complications of Foley catheters--is infection the greatest risk? J Urol. 2012; 187(5):1662-6. https://doi.org/10.1016/j.juro.2011.12.113.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviço de Saúde. Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: ANVISA, 69-77. 2017. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2019/06/Crit%C3%A9rios-Diagnosticos-IRAS-vers%C3%A3o-2017.pdf

Neelakanta A, Sharma S, Kesani VP, et al. Impact of changes in the NHSN catheter-associated urinary tract infection (CAUTI) surveillance criteria on the frequency and epidemiology of CAUTI in intensive care units (ICUs). Infect Control Hosp Epidemiol. 2015;36(3):346-9. https://doi.org/10.1017/ice.2014.67.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA nº 02/2021. Critérios Diagnósticos das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde - 2021. Brasília: ANVISA, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/2021/nt-022021-revisada-criterios-diagnosticos-de-iras-050521.pdf/view

Freitas RB, Resende JA, Mendonça BG, et al. Infecções do trato urinário de origem hospitalar e comunitária: Revisão dos principais microorganismos causadores e perfil de susceptibilidade. Rev Cien FAGOC Saúde. 2016; 1(1):55-62. Disponível em: https://revista.unifagoc.edu.br/index.php/saude/article/view/84

Correa LA, Canalini AF, Matheus WE. Etiologia das infecções do trato urinário. International Brazilian Journal of Urology. 2003; 29: 7-10.

Weiner LM, Webb AK, Limbago B, et al. Antimicrobial-Resistant Pathogens Associated With Healthcare-Associated Infections: Summary of Data Reported to the National Healthcare Safety Network at the Centers for Disease Control and Prevention, 2011-2014. Infect Control Hosp Epidemiol. 2016;37(11):1288-1301. https://doi.org/:10.1017/ice.2016.174.

Godfrey H, Evans A. Catheterization and urinary tract infections: microbiology. Br J Nurs. 2000;9(11):682-4, 686, 688-90. https://doi.org/10.12968/bjon.2000.9.11.6256.

Pires MCS, Frota KS, Junior POM, et al. Prevalência e suscetibilidades bacterianas das infecções comunitárias do trato urinário, em Hospital Universitário de Brasília, no período de 2001 a 2005. Rev Soc Bras Med Trop. [online]. 2007[Citado 2022 Jan 30];40(6):643-647. https://doi.org/10.1590/S0037-86822007000600009.

Barbosa LR, Mota EC, Oliveira AC. Infecção do trato urinário associada ao cateter vesical em unidade de terapia intensiva. Rev Epidemiol Control Infecç, 2019; 9(2). https://doi.org/10.17058/reci.v9i1.11579

Mota EC. Infecção do trato urinário associada ao uso do cateter vesical em paciente crítico: impacto do bundle na prevenção. [Tese- Doutorado em Enfermagem]. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/35366

Santos MJA, Porcy C, Menezes RAO. Etiologia e perfil de resistência bacteriana em uroculturas de pacientes atendidos em um hospital público de Macapá-Amapá, Brasil. Um estudo transversal. Diagn. Tratamento. 2019; 24(4):135-142. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1049377

Silva AS, Hartmann A, Staudt KJ, et al. Identificação e prevalência de bactérias causadoras de infecções urinárias em nível ambulatorial. Rev Bras Pesq Saúde. 2017;19(3):69-75. https://doi.org/10.21722/rbps.v19i3.19569.

Almada DV, Gomes HBS, Sousa JB, et al. Perfil de resistência a antimicrobianos em pacientes atendidos em um laboratório privado no município de Santa Inês-MA. Revista Uningá Review. 2017;30(3):10-4. Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/ view/2036/1628.

Jorge BM, Mazzo A, Mendes IAC, et al. Infeção do trato urinário relacionada com o uso do cateter: revisão integrativa. Rev Enf Ref 2013; 3(11):125-132. https://doi.org/10.12707/RIII1271.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviço de Saúde. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: ANVISA, 53-70. 2017. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf/view

De Freitas BVL, Germino RV, Trino LM, et al. Prevalência e perfil de susceptibilidade a antimicrobianos de uropatógenos em pacientes atendidos no instituto Lauro de Souza lima, Bauru, SP. Rev Bras Anal Clin 2016;48:375-380. https://doi.org/ 10.21877/2448-3877.201600497

Bastos IDM, Bastos BDM, Silva CF, et al. Perfil bacteriano de amostras microbiológicas de pacientes internados na Clínica Cirúrgica de um Hospital Universitário de Pernambuco. Vittalle Rev Ciênc Saúde .2020;32(1):108-121. https://doi.org/10.14295/vittalle.v32i1.11079

Leite MIM, Silva CF, Colombo A, et al. Prevalência e perfil de sensibilidade antimicrobiana de bactérias isoladas de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva de um hospital universitário do Sertão de Pernambuco. Semina cienc. biol. Saúde. 2021; 42(1): 15-28. Disponível em:https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1247807

Nordmann P, Poirel L. Emerging carbapenemases in Gram-negative aerobes. Clin Microbiol Infect: the official publication of the European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases. 2002; 8(6): p. 321-331. https://doi.org/ https://doi.org/10.1046/j.1469-0691.2002.00401.x

Silva IC. Avaliação da frequência de resistência a polimixina b em enterobactérias produtoras de carbapenemases no brasil [Monografia- Graduação em Biomedicina]. Niterói (RJ):Universidade Federal Fluminense, p. 66, 2016. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/13974/Monografia%20Ingrid%20Camelo%202016.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Monaco M, Giani T, Raffone M, et al. Colistin resistance superimposed to endemic carbapenem-resistant Klebsiella pneumoniae: a rapidly evolving problem in Italy, November 2013 to April 2014. Euro Surveill. 2014;19(42):20939. https://doi.org/10.2807/1560-7917.es2014.19.42.20939.

Elias DBD, Ribeiro ACS. Perfil de sensibilidade antimicrobiana em urinoculturas de um hospital universitário do estado do Ceará no período de janeiro a junho de 2015. Rev Bras Anal Clin. 2017; 49(4): 381-9. https://doi.org/10.21877/2448-3877.201700580

Leite MS, Gusmão AC, Gontijo BAV, et al. Perfil de resistência aos antimicrobianos de Escherichia coli isoladas de amostras de urina de pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Anal Clin. 2020; 52(3): 243-247. https://doi.org/ 10.21877/2448-3877.202100877

Narciso A, Lito L, Cristino JM, et al. Escherichia coli uropatogénica: resistência aos antibióticos versus factores de virulência. Acta Urol 2010; 27(2): 11-20. Disponível em: https://apurologia.pt/wp-content/uploads/2018/10/Esch-coli-Urop-Resist.pdf

Oliveira ALD, Soares MM, Santos TCD, et al. Mecanismos de resistência bacteriana a antibióticos na infecção urinária. Rev Uningá. 2014; 20(3):65-71. Disponível em: https://revista.uninga.br/uningareviews/article/view/1598

Pires EJVC, Junior VVS, Lopes ACS, et al. Análise epidemiológica de isolados clínicos de Pseudomonas aeruginosa provenientes de hospital universitário. Rev Bras Ter Intensiva [online]. 2009;21(4) [Acessado 31 Janeiro 2022], pp. 384-390. https://doi.org/10.1590/S0103-507X2009000400008

Da Silva NFV, Kimura CA, Coimbra MVS. Perfil de sensibilidade antimicrobiana das Pseudomonas aeruginosa isoladas de pacientes da unidade de tratamento intensiva de um hospital público de Brasília. Revisa 2012;1(1): 19-24. Disponível em: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/8

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa nº 01/2021. Identificação de Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenêmicos, produtora de KPC e NDM. Brasília: ANVISA, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaud

e/comunicados-de-risco-1/comunicado-de-risco-01_2021-gvims-ggtes_01-09-2021.pdf

García-Garmendia JL, Ortiz-Leyba C, Garnacho-Montero J. Mortality and the increase in length of stay attributable to the acquisition of Acinetobacter in critically ill patients. Crit Care Med 1999; 27(9):1794-1799. https://doi.org10.1097/00003246-199909000-00015

Dent LL, Marshall DR, Pratap S, et al. Multidrug resistant Acinetobacter baumannii: a descriptive study in a city hospital. BMC Infect Dis 2010; 10(196). https://doi.org 10.1186/1471-2334-10-196

Barros SKSA, Kelie S, Kerbauy G, Dessunti EM. Infecção do trato urinário relacionada ao cateter: perfil de sensibilidade antimicrobiana. Rev Rene 2013;14(5):1005-1013. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324028789018

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde